O carioca Lucas Tejedor, de 18 anos, é o único brasileiro na lista de 50 finalistas do Global Student Prize 2022, ranking divulgado em 21 de julho pela Varkey Foundation e que elege os "melhores estudantes do mundo" .
Morador de Bangu, na Zona Oeste do Rio, e aluno do 4º ano do ensino médio técnico do Cefet-RJ, ele gasta 5 horas no transporte público para ir e voltar do colégio (entre ônibus, trem e trechos a pé), gosta de correr (faz 5 km em 21 minutos e 30 segundos), planeja cursar faculdade de direito e quer trabalhar com análise de políticas públicas para avaliar, por exemplo, "como solucionar a fome de uma determinada região".
Nesta reportagem, Lucas conta ao g1 sobre sua rotina, interesse e preferências (aprecia pipoca e neurociência). Também explica como conseguiu chegar à final do concurso, que vai anunciar até o fim de 2022 o nome do campeão ou da campeã, a quem caberá um prêmio de US$ 100 mil (cerca de R$ 520 mil).
'Sou muito disciplinado'
Lucas Tejedor gosta de estudar sobre programação — Foto: Arquivo Pessoal
“O Global Student Pride escolhe os 50 melhores estudantes do mundo. Você tem de escrever um texto sobre tudo que você já fez: notas, pesquisa, projetos e tudo mais. Eles analisaram e escolheram o top 50. Foram mais de 7 mil candidatos neste ano. Em setembro, é escolhido o top 10 e, até o fim do ano, o primeiro lugar”, disse Lucas.
Lucas costuma ler sobre neurologia e filosofia.
"Gosto de muitas coisas, sou muito disciplinado. Leio sociologia, neurologia, matemática, filosofia, biologia do corpo humano. Mas a área que quero seguir é no direito. As pessoas acham que eu vou seguir na área de tecnologia, mas eu quero estudar a filosofia do impacto. Ou seja, vou escolher o que mais vai causar impacto nas pessoas", disse o estudante.
"Pretendo entrar na política de uma forma diferente. Quero fazer análise de políticas públicas. Vou tentar trabalhar com isso. Pode ser no mundo, no país ou no meu bairro. Quero analisar, por exemplo, como solucionar a fome de uma determinada região. Fazer perguntas certas, buscar as melhores respostas e executar da melhor forma para resolver o problema."
Pipoca, corrida e podcast sobre neurologia
Lucas Tejedor com a namorada no cinema comendo pipoca — Foto: Arquivo Pessoal
Lucas diz que tem uma alimentação saudável e não ingere glúten.
“Arrisco dizer que minha comida favorita é pipoca, melancia e macarrão sem glúten. Não como nada que faz mal à saúde, nada de chocolate, biscoito, pão, glúten em geral. Comecei a melhorar a minha alimentação com 12 anos, quando parei de tomar refrigerante. É um processo demorado, mas que vale a pena”, contou.
Nas horas de lazer, gosta consertar itens domésticos, praticar corrida e ouvir um podcast sobre neurologia. Acompanhado da namorada, Jandira Ferreira, assiste a séries.
"Uma coisa que gosto de fazer nas minhas horas de lazer é consertar coisas. Se tiver uma gaveta quebrada, eu conserto. Se tiver um móvel quebrado, dou um jeito. Gosto de ver série também, estou vendo ‘The blacklist’. E eu também corro, gosto de praticar esportes. Eu corro 5 km em 21 minutos e 30 segundos", disse.
"Eu também gosto de um podcast do Andrew Huberman, sobre neurologia. Ele fala sobre vários mecanismos do cérebro e como você pode usar isso ao seu favor. É um professor da universidade de Stanford. É muito interessante."
Relação com a pandemia
Lucas Tejedor no bosque do Cefet — Foto: Arquivo Pessoal
A casa de Lucas é na Zona Oeste do Rio, a uma distância de 38 quilômetros do colégio, que fica na Zona Norte. O jovem contou que o tempo que passa em transportes públicos é seu maior empecilho nos estudos.
"O que mais me atrapalhou durante minha trajetória de estudante foi a distância do colégio. Bangu é um lugar muito longe. Todo dia, tenho que andar até o ponto, pego um ônibus até a estação de trem, pego o trem até São Cristóvão e ando até o Cefet. Um trajeto de duas horas e meia só para ir. Na volta, é mesma coisa. São cinco horas [no total] todos os dias. Tem dias em que preciso correr na rua para não perder tanto tempo", diz.
Durante a pandemia de Covid, Lucas pôde "economizar" esse tempo para investir nos estudos. Mas ele afirma que, apesar desse benefício, o isolamento social marcou um período muito difícil.
"A pandemia, no geral, foi muito ruim. No início, eu não estava preparado para aquilo. Eu fiquei duas semanas trancado no meu quarto. Minha mãe fazia um protocolo para a gente não chegar perto dela, porque ela não parou de trabalhar. Isso foi muito ruim, eu não falava com ninguém. Nenhum contato pessoal e físico", disse Lucas.
Maior sonho
Filho de pais militares, Lucas contou, já no fim da entrevista, qual é o seu maior sonho. Segundo ele, apesar de se tratar de uma "frase pronta", a resposta que melhor define seu desejo é:
“Meu maior sonho é causar o maior impacto possível no maior número de pessoas possível da melhor forma que eu conseguir”.
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