Ao contrário do que faz a Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social do Ceará (SSPDS), o Anuário Brasileiro da Segurança Pública contabiliza nas estatísticas de mortes violentas no país, os assassinatos ocorridos nas unidades do Sistema Penitenciário e óbitos decorrentes dos confrontos da Polícia com criminosos. Assim, segundo o Anuário, o Ceará registrou no ano passado 5.332 homicídios, enquanto o número oficial divulgado pela SSPDS ficou em 5.134, ou seja, 98 casos a menos. O Ceará é o terceiro estado mais violento do Brasil, comprova o levantamento estatístico.
Também segundo os dados divulgados nesta quinta-feira (9) pelo Anuário, o estado também foi o terceiro que apresentou o maior índice de crescimento das mortes violentas, ou CVLIS (Crimes Violentos, Letais e Intencionais), que incluem os homicídios, latrocínios (roubos seguidos de morte) e as lesões corporais seguidas de óbito.
De acordo com o Anuário, entre 2016 e 2017, o crescimento de assassinatos no Ceará foi da ordem de 59,1 por cento. O ceará só perdeu neste quesito para o Rio Grande do Norte (68 por cento) e para o Acre (63,9 por cento). Já os estados com menor crescimento foram, pela ordem: São Paulo (10,7 por cento), Santa Catarina (16,5 por cento) e o Distrito Federal (18,2 por cento).
Crescimento das facções
Mergulhado na violência das facções, o Ceará segue o exemplo de outros estados brasileiros, onde a presença de tais grupos criminosos organizados alimenta diariamente as estatísticas criminais. De acordo com o Anuário, facções criminosas estabelecidas em São Paulo e Rio de Janeiro têm se expandido para o Norte e Nordeste, onde a briga toma toma as ruas.
Doze estados registraram, em 2017, aumento no número de mortes violentas, sendo a maioria no Norte e Nordeste. São eles: Ceará, Acre, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Espírito Santo, Santa Catarina, Rio de Janeiro, Roraima, Amap, Amazonas, Para é Alagoas.
Ceará, Acre e Rio Grande do Norte aparecem como os mais violentos do Brasil, exatamente para onde migraram bandidos das facções do eixo São Paulo-Rio. São “braços” do Comando Vermelho (CV) e do Primeiro Comando da Capital (PCC).
A presença ostensiva dos “chefões” das organizações criminosas no Ceará revela o crescimento das quadrilhas no estado, num desafio à Segurança Pública estadual e, especialmente, aos organismos de Inteligência. Em fevereiro passado, por exemplo, dois “chefões” do PCC foram mortos no Ceará por ordem que partiu diretamente da cúpula da facção, reclusa em uma penitenciária paulista. Os traficantes Rogério Jeremias de Simone, o “Gegê do Mangue”; e Fabiano Alves de Souza, o “Paca”, foram mortos após uma temporada de luxo e riqueza no Ceará. Gastaram milhões na compra de casas luxuosas, automóveis importados e farras com viagens aéreas através do aluguel de aeronaves.
Com a guerra das facções tomando conta das ruas, os números de assassinatos no Ceará seguem em ritmo acelerado na Região Metropolitana e no Interior, para onde migraram os criminosos que, antes, atuavam na Capital. Em Fortaleza, o aumento de efetivo policial e as operações de ocupação nas áreas mais violentas, fizeram os criminosos mudarem de tática. Embora ainda tímida, houve uma redução nos índices de CVLIs na Capital.
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