Dados da Polícia Rodoviária Federal apontam que ocorreram 79 mortes entre janeiro e outubro de 2024, pior indicador desde 2016
Maior rodovia federal do Brasil, a BR-116 cruza o Ceará ao longo de 544,5 km, ligando Fortaleza a Penaforte, no Cariri. Além da extensão, ela também se destaca pelos números de mortes em decorrência de sinistros de trânsito nessas estradas.
Mas essa quantidade não foi a maior já registrada. Desde 2007, quando teve início a série histórica disponibilizada no painel da CNT, o ano mais letal na rodovia foi 2014, com 107 mortes nos meses analisados. No final de 2024, a letalidade na BR-116 chamou atenção de todo o Brasil devido à ocorrência da maior tragédia registrada em estradas federais pelo menos desde 2007
. Na madrugada do sábado, 21 de dezembro, na altura do km 286 da BR-116, em Minas Gerais, houve uma colisão envolvendo um carro de passeio, um ônibus e uma carreta carregada com bloco de granito que deixou 41 mortos.Possíveis explicações para as mortes na BR–116 no Ceará
Coordenador da Iniciativa Bloomberg de Segurança Viária Global no Brasil, Dante Rosado aponta que esses números são subnotificados, uma vez que a PRF registra apenas os óbitos que ocorrem no local. “Eles não acompanham as mortes que acontecem depois do sinistro, por exemplo, no hospital. Mas é uma referência porque a comparação é a mesma para todo o País”, explica.
A maior parte das mortes na rodovia, em 2024, ocorreram no trecho que vai até o km 10, no município de Fortaleza. Rosado aponta que, além de ser um trecho mais movimentado, que “tende a ter mais sinistros e consequentemente mais lesionados e feridos”, houve um adensamento no entorno da rodovia, o que leva a um grande fluxo de pedestres.
“Se você passar lá, vai ver que tem poucas passarelas e as que tem estão com infraestrutura muito precária. São chamadas passarelas provisórias, apesar de estarem lá há mais de 10 anos. (...) As pessoas têm receio de subir, elas não têm rampa, só escadas precárias”, afirma.
Com isso, os pedestres acabam atravessando fora das passarelas. “Não estou colocando culpa nessas pessoas, porque, se não tem estrutura adequada, elas vão atravessar onde acharem que conseguem, de forma mais fácil”, frisa.
Nesse contexto, ele defende que é necessário repensar a função desse trecho da BR-116 dentro da Capital. “Com certeza, um redesenho traria mais segurança. Por exemplo, a rodovia hoje não tem uma ciclovia”, afirma.
Gerente do programa da Vital Strategies, Rosado também destaca a necessidade de fiscalização. Para ele, é importante reforçar as estratégias de controle para evitar que os motoristas respeitem o limite de velocidade da via, de 60km/h, apenas onde há radares fixos.
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