O primeiro debate realizado pelo Sistema Verdes Mares entre os candidatos a governador do Ceará foi marcado por embates entre os postulantes, além de respostas para temas espinhosos apresentados pelos candidatos e também por profissionais do Diário do Nordeste, especialistas em áreas como saúde, segurança pública, política, cultura, esporte e economia.
O Debate PontoPoder contou com a presença dos três candidatos mais competitivos segundo as pesquisas: Capitão Wagner (União Brasil), Elmano de Freitas (PT) e Roberto Claudio (PDT). A transmissão foi realizada simultaneamente pela TV Diário, Verdinha e YouTube do Diário do Nordeste. O formato do debate foi pensado para estimular o confronto de ideias.
CONFIRA CINCO DESTAQUES DO EMBATE ENTRE OS CANDIDATOS:
SAÚDE
Tema mais constante no debate, a saúde foi o assunto que recebeu maior destaque pelos candidatos. Capitão Wagner e Roberto Cláudio fizeram críticas à atual gestão do Governo do Ceará. Eles e Elmano aproveitaram a discussão para apresentar propostas de mudança e ampliação da rede de saúde pública estadual.
Já no primeiro bloco, o petista questionou Roberto Cláudio sobre a criação de hospitais do câncer no Estado.
O pedetista explicou que seu plano de governo inclui a criação de cinco equipamentos, integrados aos hospitais regionais, para atender pacientes com câncer. "Tem muita gente morrendo no meio do caminho (entre o interior e Fortaleza). Quero fazer um hospital do câncer que é simples, com radioterapia, pequenas cirurgias, leitos de suporte para pequenos procedimentos e para dar sustentabilidade, vamos integrar aos hospitais regionais".
Elmano respondeu destacando a implantação dos cinco hospitais regionais no Ceará pelos Governos Cid e Camilo, afirmando que colocará o tratamento de câncer nesses equipamentos. “Vamos usar a estrutura que já existe", disse. Ele também ressaltou a construção do Hospital da Uece: “Quero levar a ampliação do atendimento, quero que os regionais resolvam 90% dos problemas de saúde de cada região”, concluiu.
Ainda no primeiro bloco, Roberto Cláudio perguntou a Capitão Wagner sobre saúde. O candidato do União Brasil respondeu dizendo que "o grupo que eles (Roberto Cláudio e Elmano) representam teve 16 anos para entregar hospitais regionais. Entregaram quatro e apenas dois funcionam bem. No nosso governo, de fato, vamos fazer funcionar [...] Nosso objetivo é fazer funcionar os equipamentos que já existem", afirmou.
CONFIRA O DEBATE NA ÍNTEGRA:
ACUSAÇÕES CONTRA O GOVERNO DO CEARÁ
Outro momento de tensão entre os postulantes ocorreu no terceiro bloco, quando Capitão Wagner e Roberto Cláudio trouxeram para o centro do debate as denúncias de que o Governo do Ceará estaria usando a máquina pública para cooptar prefeitos para apoiar Elmano de Freitas. O petista criticou o antigo aliado do PDT pela “combinação” com Wagner para atacá-lo.
Ao responder o candidato do União Brasil, Roberto Cláudio disse que o Ceará já passou pela “época dos coronéis”. “Infelizmente, uma denúncia feita pela nossa coligação foi acatada pela Justiça Eleitoral, identificando que alguns municípios em que foi dado apoio, mesmo gente do meu partido, à candidatura do Elmano, esses municípios receberam aditivo de recurso público. É batom na cueca”, acusou.
Na réplica, Wagner disse que essa era uma denúncia “grave”. “Nós não só não vamos perseguir prefeitos e vereadores, mas, acima de tudo, não é possível que, num Estado pobre como o nosso, os comerciantes sejam coagidos, aqueles que, porventura, vão gravar uma propaganda com a gente são coagidos. No nosso governo, não vamos permitir que o nosso governo tenha essa postura”, criticou.
Após ser citado pelo adversário do PDT, Elmano solicitou e foi atendido com direito de resposta. “Queria lamentar demais, nunca imaginei Roberto Cláudio em uma combinação de pergunta e resposta com o Capitão Wagner. Não é verdade que a Justiça Eleitoral acatou a denúncia cheia de mentiras dos advogados da campanha do Roberto Cláudio. A Justiça, ao contrário, decidiu abrir sindicância para apurar o que aconteceu porque os documentos estavam entregues há 12 dias”, disse em referência a diligências da Polícia Federal em órgão do Governo, nesta semana, em busca de documentos que o próprio TRE-CE, horas depois, disse já ter recebido.
EMBATES ENTRE ELMANO DE FREITAS E ROBERTO CLÁUDIO
Tecnicamente empatados na disputa pelo Governo do Ceará, conforme a pesquisa Ipec mais recente, Elmano de Freitas e Roberto Cláudio partiram para o embate. As trocas de farpas entre os dois, no entanto, não se limitaram a apenas um momento do debate. Eles trocaram acusações e críticas entre si, além de apontarem erros de aliados. No terceiro bloco, a discussão entre os dois escalou.
O pedetista retomou as denúncias sobre suposta cooptação de prefeitos praticada pelo Governo do Estado em prol de Elmano. Ele disse que “Elmano confunde gratidão com cabresto” e acusou o petista de ser réu em um processo por uso da máquina pública. O ex-prefeito afirmou ainda que o petista quer reproduzir a prática na atual disputa eleitoral.
Em outro momento, Roberto Cláudio disse que a Justiça Eleitoral “bloqueou os convênios suspeitos com esses municípios”. “Houve uma operação da Polícia Federal com órgãos das secretarias do Governo”, afirmou.
Elmano rebateu afirmando não ter “nenhum processo”. Ele disse que o único processo em seu nome foi para denunciar o irmão de Roberto Cláudio. “Pare com isso, não adianta essa ingratidão e esse rancor porque não tem apoio. O Cid não lhe apoia e o Ivo não lhe apoia porque você desagregou, o poder lhe cegou”.
Sobre as acusações de cooptação, ele fez um apelo aos eleitores. “Entrem na página da Justiça Eleitoral, lá a Justiça confirma que os advogados do Roberto mentiram, levaram a Justiça ao erro, porque os documentos já estavam entregues à Justiça Eleitoral”, concluiu.
MOTIM NO CEARÁ
Ainda no terceiro bloco, Elmano polarizou a discussão com Wagner ao questioná-lo sobre a participação no motim da Polícia Militar de 2020. “Você liderou o motim de 2020, você deixou o povo do Ceará aterrorizado com as suas ações e liderança e você diz agora que mudou de ideia. Eu quero entender: você está arrependido do motim e você não daria anistia para os policiais do motim?”, perguntou o petista.
Na resposta, Wagner resgatou as acusações de Roberto Cláudio contra Elmano. “Não é com radicalismo e ódio que a gente vai avançar nesse debate. Assim como Roberto Cláudio falou, quem foi condenado por desviar R$ 4 milhões da Prefeitura de Fortaleza quando era secretário da Educação foi Vossa Excelência”, atacou.
Elmano se defendeu e disse ter “muita tranquilidade” de que o Tribunal de Contas vai “reconhecer toda a documentação”. “Agora, ele não responde sobre a anistia, sabe por quê? Porque o grupo dele defendeu a impunidade aos policiais que lhe aterrorizavam, os policiais que ameaçaram comerciantes”, disse.
CONTRADIÇÕES
Ainda no assunto motim, Wagner rebateu o petista apontando suposta contradição porque, em 2012, Elmano intermediou um encontro dele com o então presidente Lula (PT) para garantir anistia aos policiais que realizaram o motim à época.
“Tenho muito orgulho de ter sido advogado a vida inteira de movimento social e de gente pobre. Eu não tenho orgulho é de ser advogado de motim. Em 2020, o motim que você fez foi após um acordo que você participou e, quando teve motim, virou as costas para a tropa.
Por outro lado, uma suposta contradição na relação entre Wagner e o atual presidente Jair Bolsonaro foi apontada pelos adversários. Ao convidar o candidato do União Brasil para responder a primeira pergunta, Elmano se referiu a ele como “o candidato do Capitão Bolsonaro, o Capitão Wagner”.
“Fico triste com o candidato já começar fazendo sua pergunta tentando nos chamar para um debate que não é frutífero”, disse. Em outro momento, ele ressaltou ter “capacidade de dialogar com quem quer que seja o presidente”.
Já Roberto Cláudio virou alvo de questionamento pelas críticas que faz à atual gestão do Governo do Ceará e também pelas acusações que tem feito contra o Governo Camilo. Capitão Wagner, por exemplo, em diversos momentos do debate, citou que o pedetista integrou um grupo que “teve 16 anos para entregar” as propostas levantadas por ele.
Em resposta às críticas, o pedetista disse que sempre adotou uma postura de independência na política. “Eu sou grato a quem me apoia, mas não tenho cabresto, tenho uma história de liberdade e autonomia”, finalizou.
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