Um forte ciclone extratropical e uma frente fria se organizam durante esta quarta-feira, 2 de setembro, entre a Argentina, o Uruguai e o Brasil. No começo da noite desta quarta, os sistemas já devem estar completamente organizados. O centro da baixa pressão atmosférica associado ao ciclone extratropical deve estar posicionado entre o leste do Uruguai e o sul do Rio Grande do Sul, com pouco menos de 1010 hPa, pela estimativa dos modelos de simulação atmosférica global GFS (Estados Unidos) e ECMWF (Europa)
O processo de formação da frente fria (frontogênese) e do ciclone (ciclogênese) vão gerar nuvens carregadas sobre o Rio Grande do Sul, o Uruguai e o leste da Argentina (região de Buenos Aires), com potencial para chuva volumosa, rajadas de vento intensas e até queda de granizo.
A imagem captada pelo satélite GOES 16 às 3h30 (Brasília) de 2/9/2020 mostrava o início do desenvolvimento das áreas de instabilidade (manchas amarelas)
Formação de ciclone gera nuvens carregadas entre o Uruguai e o Rio Grande do Sul
O mapa mostra uma simulação do vento gerada pelo modelo atmosférico GFS para 9h (Brasília) de 2/9/2020, onde a letra B indica a posição estimada do centro de baixa pressão atmosférica do ciclone (B)
Posição da baixa pressão atmosférica (B) do ciclone extratropical às
9h (Brasília) em 2/9/2020 (GFS)
Alerta
Para esta quarta-feira, 2 de setembro, a Climatempo alerta para o risco de ventania com até 90 km/h no centro-sul, no oeste e leste do Rio Grande do Sul e de 50 km/h a 70 km/h no restante da Região Sul
Ciclone ganha força na quinta
Durante a madrugada do dia 3 de setembro, quinta-feira, o ciclone extratropical se intensifica no litoral do Uruguai e próximo à Santa Vitória do Palmar, no extremo sul gaúcho, com a pressão do ar baixando para menos de 1000 hPa sobre o mar.
A pressão do ar mais baixa faz com que as rajadas de vento fiquem mais fortes.
Posição da baixa pressão atmosférica (B) do ciclone extratropical às
9h (Brasília) em 3/9/2020 (GFS)
Na madrugada e manhã da quinta-feira, 3 de setembro, há risco de rajadas de vento em torno de 80 km/h a 100 km/h no sul do Rio Grande do Sul, atingindo locais como Chuí, Santa Vitória do Palmar, Rio Grande e Pelotas. Por influência do relevo, a serra do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina também poderão ter rajadas de vento da ordem de 100 km/h.
Nas demais áreas do Sul do Brasil, as rajadas de vento na madrugada e manhã da quinta, 3 de setembro, poderão alcançar velocidades entre 50 km/h e 70 km/h.
As rajadas de vento tendem a enfraquecer no decorrer da tarde de 3 de setembro com o afastamento do ciclone.
Este sistema não terá influência no Sudeste e nem no Centro-Oeste do Brasil.
Quase um ciclone bomba
Este ciclone extratropical se forma rapidamente. Em alguns pontos do litoral do Uruguai e do Rio Grande do Sul, a diferença da pressão atmosférica entre 00 h do dia 2 e 00 h de 3 de setembro (hora de Brasília) deve ser de pouco menos de 24 hPa, o que faz este ciclone extratropical ser quase um “ciclone bomba”.
Em Maldonado, no Uruguai, a diferença da pressão do ar foi de 23 hPa e no Chuí (RS) foi 22 hPa, considerando as simulações feitas e 1/9/2020
O “ciclone bomba” e definido quando um centro de baixa pressão atmosférica decai 24 hPa em 24 horas, ou seja, 1 hPa por hora.
Em Meteorologia, a queda acentuada da pressão atmosférica está associada com formação de tempestade.
Quer saber mais sobre ciclones? Então ouça o podcast “Furacões e ciclones: previsíveis e perigosos”, gravado com o professor Luiz Gozzo, especialista em ciclones subtropicais e em
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