Pouquíssimos países estiveram tão bem preparados para combater a pandemia como a Finlândia.
O primeiro-ministro da Espanha fala em “guerra contra o vírus”. O do Reino Unido promete “vencer a batalha”. E o presidente francês avisa que “o inimigo é invisível”. A Finlândia já se prepara há décadas contra aquilo que ninguém quis ver. O país tem planos de contingência contra qualquer tipo de calamidade: enchentes, incêndios, bomba nuclear e pandemias.
Elevadores levam a parquinhos, academias de ginástica e quadras. Mas a Finlândia não está de brincadeira: em primeiro lugar, é um superabrigo.
O responsável pela área conta que há capacidade para acolher 6 mil pessoas durante, pelo menos, uma semana. Escondidos dentro e fora do subterrâneo finlandês, também estão estoques secretos. O governo guarda de tudo: suprimentos médicos, comida, ferramentas agrícolas, combustível, material para fabricar munição.
Há pouca informação disponível sobre esses armazéns. É um segredo de Estado. O que se sabe é que eles costumam ficar perto de hospitais, para o produto chegar logo para os médicos.
Essa prontidão finlandesa tem a ver com a geografia e com a história. O país divide fronteira com a Rússia e já lutou contra a invasão soviética na Segunda Guerra. Durante a Guerra Fria, que dividiu o mundo entre capitalistas e comunistas, todos os países nórdicos acumularam grandes estoques de suprimentos. Mas Noruega, Suécia e Dinamarca pararam de investir nos armazéns quando a União Soviética colapsou nos anos de 1990.
A Finlândia, não. O país revisa as necessidades de abastecimento a cada seis anos. A Finlândia está bem mais preparada contra a crise do que o mundo como um todo. Outros países europeus e Estados Unidos lutam contra a escassez de equipamentos de proteção, de produtos hospitalares. E a União Europeia anunciou que criaria o primeiro estoque do bloco para ajudar países-membros a lidarem com essa pandemia.
O novo coronavírus fez o governo finlandês ativar os estoques pela primeira vez em décadas. A quantidade de máscaras não foi suficiente para o nível de estrago da Covid-19, mas ajudou o país a absorver melhor o impacto.
Um especialista de um grupo de estudos da Finlândia explica que o governo já atualizou o programa. Charly Pasternak destaca que o país já estava preparado, inclusive, para um cenário de confinamento geral.
Antes até de surgir o novo coronavírus, já havia uma lei que obrigava o Estado a financiar quem perdesse o salário em caso de isolamento obrigatório. É um país que se acostumou a olhar para o horizonte, mas não perde o hábito de enterrar seus tesouros.
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