João Roberto de Oliveira Martins tinha 52 anos e estava no comando da Presidência da Câmara, quando foi morto por um grupo de pistoleiros na manhã do dia 31 de agosto do ano passado. Os assassinos fizeram questão de escolher o local onde o político deveria ser morto: a porta da Câmara Municipal. E assim aconteceu.
De agosto do ano passado até hoje, a Polícia Civil e o Ministério Público Estadual trabalhavam no caso no mais absoluto sigilo, até que no começo desta semana os fatos vieram à tona e apontaram os nomes dos envolvidos na trama e execução do assassinato de João Roberto.
Seis pessoas estão na lista dos investigados, entre eles, um vereador de Itaitinga, Demétrius Sá, que foi detido na manhã de segunda-feira (8) em casa e teve seu celular apreendido, assim como o de sua esposa. Após ser ouvido, acabou liberado. Detrás das grades permanecem outros suspeitos.
Para a Polícia e o MP, as investigações começaram a clarear com a descoberta de que os assassinos e seus mandantes tinham e ainda têm trânsito livre nos corredores e na folha de pagamento da Câmara Municipal de Itaitinga.
Celulares apreendidos
Um dos investigados é Tiago Barbosa, chefe de Gabinete da Prefeitura, que juntamente com a esposa, Lia Mesquita Barbosa, foi alvo de um dos mandados de busca e apreensão executados pela Polícia Civil na última segunda-feira (8). Tiago é aliado do vereador Demétrius. Na casa dele, a Polícia teria prendido José Roberto Braga Mesquita, 27 anos, um dos executores do crime. Roberto é primo de Lia, mulher de Tiago Barbosa.
De acordo com a Polícia, Roberto já confessou ser um dos quatro homens filmados matando o presidente da Câmara. Também participaram da execução sumária, Rafael Ribeiro Carneiro, 30 anos; Rafael Alves Nunes, 33 anos, o “Rafael Dogão”; além de José Flávio de Sousa, 43 anos, preso no último fim de semana e apontado como o mandante do crime. O quinto homem da quadrilha seria Samuel Adams Barros Andrade, 22 anos. Na casa de Samuel a Polícia encontrou armas, drogas e munições.
O que deixou intrigado as autoridades policiais que apuram o caso foi o fato de que alguns dos envolvidos no crime terem sido aliados de campanha eleitoral da vítima e acabaram se tornando seus algozes.
Outro ponto que mereceu a atenção dos delegados que investigam o crime é de que parentes dos envolvidos ocupam até hoje cargos comissionados na Câmara Municipal de Itaitinga. A mãe de um dos suspeitos ocupa um desses cargos após ter sido indicada pelo vereador assassinado.
No caso do bandido conhecido como “Rafael Dogão”, este chegou a trabalhar como segurança particular de João Roberto.
Morte
Na mesma linha de investigação, a Polícia aprofunda o envolvimento da própria vítima com o crime organizado que atua dentro e fora da Câmara de Itaitinga e que já produziu outros assassinatos além do caso do presidente daquela casa legislativa.
Um desses crimes ocorreu ainda em 2014, quando foi morto, a tiros, um homem identificado como Wellington Assunção. O assassinato aconteceu apenas dois após ele postar nas redes sociais a informação de que a Polícia Federal estaria para “chegar” na Câmara Municipal de Itaitinga e que desvios de dinheiro público estariam prestes a ser investigados e que virariam um escândalo envolvendo vários políticos do Município.
Assunção citou, como exemplo, dinheiro desviado da compra de uma ambulância, além da verba de R$ 9,5 milhões que teriam “sumido” do Fundo Municipal.
Com a prisão do grupo, a Polícia acredita que poderá esclarecer uma sequência de assassinatos misteriosos ocorridos nos últimos quatro anos em Itaitinga e Municípios próximos, alguns com características de “acerto de contas” e “queima de arquivo”.
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