por Emanoela Campelo de Melo - Repórter
No último dia 21, o Poder Judiciário cearense negou o pedido de suspensão da prisão temporária do empresário José Cavalcante Cidrão. A defesa dele sustenta que “a medida (prisão) é descabível e exagerada, uma vez que não há juízo suficiente de probabilidade em relação à autoria do crime”.
> Autor do crime está foragido há 20 anos
Porém, conforme a Polícia Civil, há fortes indícios que o Cidrão tenha participado de negociações articuladas por ‘Gegê’ e ‘Paca’, “os quais podem ter relação direta com os homicídios que foram vítimas, aspecto a ser melhor investigado e elucidado”.
Para negar o pedido de revogação da prisão temporária contra o empresário foram mencionadas descobertas feitas pela Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco). Em diligências, a Especializada responsável por investigar os assassinatos, cometidos em 15 de fevereiro de 2018, em uma reserva indígena de Aquiraz, soube que o acusado mantinha relação mais próxima com a dupla vítima do que havia sido informado.
“Embora o requerente tenha, inicialmente, negado que conhecia a vítimas, as provas apontaram exatamente no sentido oposto. O fato do requerente, após os crimes, ter comparecido aos imóveis das vítimas em Aquiraz e em Fortaleza, retirando os veículos, documentos e objetos, também necessita de maiores investigações, pois indicam eventual supressão de provas apta a dificultar o esclarecimento dos fatos”, afirma o Juízo.
A Polícia tem ciência que o imóvel no condomínio Alphaville Fortaleza, no Porto das Dunas, onde moravam as vítimas, foi comprado em nome de José Cidrão, por R$ 2,1 milhões. As investigações dão conta que o suspeito costumava transitar pelo local e mantinha relação de amizade com ‘Paca’.
“Os investigadores tiveram acesso franqueado ao celular da testemunha (identidade suprimida), onde foi encontrada uma fotografia em que toda a família, inclusive o suplicante, aparece na companhia da vítima Fabiano Alves de Souza”, diz o documento.
No fim de semana seguinte ao duplo homicídio, foi constatado que a cunhada de José Cavalcante Cidrão retornou ao imóvel no condomínio de luxo e, sob a autorização do suspeito, permaneceu por 15 minutos na residência. No mesmo dia, a mulher também teria ido até a Lagoa do Uruaú, onde havia outra mansão comprada por ‘Gegê’ e ‘Paca’. Os irmãos também estiveram na mansão, em Beberibe. Conforme os autos, saíram do local levando alguns objetos.
Um funcionário do local revelou à Draco que os irmãos Francisco Cavalcante Cidrão Filho e José Cavalcante Cidrão, com as respectivas companheiras, costumavam frequentar a casa, inclusive, passaram Réveillon e Carnaval no local.<CW-26> No Alphaville do Eusébio, onde os integrantes do PCC, também adquiriram um imóvel luxuoso, foi registrado um pedido para a retirada do nome do empresário da lista de pessoas com entrada permitida no condomínio.
Foragidos
Os irmãos tiveram mandados de prisões temporárias expedidos contra eles, por conta da suspeita de envolvimento nas execuções de ‘Gegê’ e ‘Paca’. Conforme o advogado de defesa de ambos, Kaio Castro, foi pedida a reconsideração da decisão, já que, segundo ele, o delegado responsável pelo caso pediu que o prazo de encerramento do inquérito fosse prorrogado.
“O que aconteceu é que a própria juíza que decretou a prisão temporária tem pedidos de liberdade para analisar. Semana que vem devemos ter resposta”, disse Castro ressaltando que, se o pedido for negado novamente, entrará com um habeas corpus.
Conforme a defesa, também foi requerido a revogação da prisão temporária de Francisco Cavalcante Cidrão Filho, no entanto, este, ainda não foi respondido pela Justiça. “Eles não têm envolvimento nenhum”, acrescentou Castro. Os suspeitos teriam empresas no ramo imobiliário e contábil.
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