Enquanto o país acompanhava os desdobramentos da Operação Lava-Jato no Rio de Janeiro,
era em um imóvel vazio na Rua Barão de Loreto, no bairro da Graça, área
nobre de Salvador, que policiais se deparavam com várias caixas de
papelão e malas abarrotadas de dinheiro. De acordo com a polícia, os
valores apreendidos foram transportados a um banco, onde foi
contabilizado. A previsão é de que este dinheiro seja depositado em
conta judicial.
A investigação mira o ex-ministro
Geddel Vieira Lima (PMDB), que ocupou a Secretaria de Governo no início
do governo Temer. Os milhões em cédulas foram armazenados na residência
que teria sido emprestada a ele por um homem identificado como Silvio
Silveira, um corretor de imóveis, para que Geddel guardasse os pertences
do pai, já falecido. Hoje, Geddel cumpre prisão domiciliar sem
tornozeleiras eletrônicas na capital baiana.
O
Residencial da Silva Azi foi entregue em janeiro pela construtora
Azizune Construções e Incorporações e ainda tem apartamentos à venda. O
imóvel com três quartos e uma suíte está sendo vendido por R$ 600 mil.
A busca e
apreensão no apartamento foi autorizada pela 10ª Vara Federal de
Brasília, com a justificativa de que havia "fundadas razões de que no
supracitado imóvel existam elementos probatórios da prática dos crimes
relacionados na manipulação de créditos e recursos realizadas na Caixa
Econômica Federal". A Operação Tesouro Perdido é a terceira fase da
Operação Cui Bono? (que em latim significa a quem interessa?), sobre
fraudes na liberação de créditos da Caixa Econômica Federal (CEF).
Geddel foi vice-presidente de Pessoa Jurídica do banco entre 2011 e
2013, durante o governo de Dilma Rousseff. No governo Temer, ele foi
ministro da Secretaria de Governo.
Em 13 de
janeiro, a Operação Cui Bono? apurou as irregularidades na
vice-presidência de Pessoa Jurídica da Caixa quando Geddel esteve no
cargo, entre 2011 e 2013. Um celular apreendido com o ex-presidente da
Câmara, deputado Eduardo Cunha, continha mensagens cujo teor indicava
que Cunha e Geddel agiam para liberar recursos da Caixa para pagamento
de propina. De acordo com o Ministério Público Federal (MPF), Geddel
ainda agiu para evitar que Cunha e o operador Lúcio Funaro assinassem
acordo de delação premiada com procuradores do MPF.
Obstrução de justiça
Geddel
foi preso em 3 de julho, por ordem da Justiça Federal do DF e dias
depois levado à prisão domiciliar, onde se encontra até hoje. Um dos
responsáveis pela articulação política do governo de Michel Temer, ele
deixou o cargo de ministro da Secretaria de Governo após seis meses no
cargo, em novembro do ano passado, após polêmica envolvendo o
ex-ministro da Cultura Marcelo Calero. Este o acusou de tê-lo
pressionado para liberar uma obra na Ladeira da Barra, em Salvador.
No
final de agosto, a Justiça de Brasília aceitou a denúncia da
Procuradoria da República contra Geddel e o transformou em réu por
obstrução de justiça, por tentar atrapalhar as investigações sobre
desvios do fundo de investimentos do Fundo de Garantia do Tempo de
Serviço (FI-FGTS).
Veja os valores divulgados pela Polícia Federal:
Operação Tesouro Perdido
(Terceira fase da Operação Cui Bono?)
Valores finais:
» R$ 42.643.500,00 (quarenta e dois milhões, seiscentos e quarenta e três mil e quinhentos reais)
» US$ 2.688.000,00 (dois milhões, seiscentos e oitenta e oito mil dólares americanos)
* cotação de venda na data de hoje - fonte BACEN ( 1 dólar = 3,1203 reais)
R$ 8.387.366,40
TOTAL = R$ 51.030.866,40 (cinquenta e um milhões, trinta mil, oitocentos e sessenta e seis reais e quarenta centavos)
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