Após agressões com chutes e golpes de pau, a travesti Dandara dos Santos foi assassinada a tiros,
segundo o secretário da Segurança Pública e Defesa Social do Ceará,
delegado André Costa. Os dois suspeitos de atirar em Dandara foram
presos, conforme o secretário. Também foram apreendidos três
adolescentes que aparecem no vídeo agredindo a vítima, e um sexto
suspeito está foragido.
"Depois das agressões, levaram [Dandara] até outro local, próximo de
onde foram feitas aquelas imagens. Como é visto nas imagens, ela foi
brutalmente, covardemente, assassinada através de um disparo de arma de
fogo", detalhou o delegado em entrevista nesta terça-feira (7).
Um dos presos é apontado como o homem que filmou o crime. Segundo o titular da SSPDS, o homem é suspeito de tráfico de drogas, e já era conhecido da polícia.
"A investigação apurou que essa pessoa [traficante] que está presa foi quem filmou. As provas demonstram que é a voz dele que aparece no vídeo", comentou o secretário.
Ainda segundo o secretário, a polícia vai ouvir os suspeitos para investigar a motivação do crime. "Dependendo do que for apurado, pode haver alguma qualificação do crime", afirma. Um dos presos já tinha passagem na polícia por tráfico de drogas.
Lamento da mãe de Dandara
Uma testemunha que presenciou as agressões e que prefere não se identificar afirmou que foi um grave crime de linchamento. Ele relatou que Dandara foi agredida com murros, pedradas e pauladas. “Eram vários rapazes. Um dava um chute e outro uma pedrada. Outro dava murros e outro bateu com um pau na cabeça dela”
A testemunha contou que ligou dus vezes para a polícia. E alertou aos policiais que, caso eles não fossem, ia acontecer o pior. “Foi um linchamento muito cruel”, lamentou.
A irmã de Dandara, Sônia Maria, relatou que a irmã era muito querida por todos e não deixava de fazer um favor sequer para as pessoas. Sônia afirmou que Dandara sempre era vítima de preconceito. “Ela nunca dizia um não. Ela podia estar cansada, mas era sempre prestativa. Para onde a gente pedia para ela ir, ela ia. Ela nunca dizia um não. Sobre os preconceitos, ela foi para o Bairro Jurema e uns caras bateram nela. Ela foi até para o hospital”, disse.
Quanto à denúncia sobre a demora no atendimento da polícia, a Secretaria da Segurança informou que, sem o número do telefone, não é possível fazer o rastreamento das ligações para saber se a informação da testemunha é verídica.
Caso Dandara
O crime aconteceu no dia 15 de fevereiro, no Bairro Bom Jardim, e ganhou repercussão nas redes sociais após o compartilhamento do vídeo que mostra a travesti sendo agredida por um grupo no meio da rua.
O vídeo, gravado por uma pessoa que está com o grupo de agressores, mostra parte da violência. A gravação tem 1 minuto e 20 segundos e termina quando os suspeitos colocam a vítima no carrinho de mão, após agressões com chutes, chineladas, pedaços de madeira, e descem a rua.
O governo do Ceará emitiu uma nota de repúdio em relação aos "atos de violência e intolerância como o que praticado contra Dandara dos Santos", morta por brutal espancamento".
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