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Crime organizado mantém Brasil em posição ruim no ranking que mede paz no mundo; instabilidade política é preocupação mundial

 


Confrontos entre traficantes e facções criminosas colocaram o Brasil mais uma vez em patamares preocupantes no ranking que mede a paz no mundo, mostrou a edição de 2021 do relatório Global Peace Index (GPI) divulgado nesta quinta-feira (17).

O levantamento colocou o Brasil na 128ª colocação. No relatório de 2020, o país estava em 126º. Nos critérios dos organizadores do estudo, essa variação está dentro de uma estabilidade.

No entanto, o ranking mantém o Brasil em um patamar considerado de "baixo estado de paz", segundo o relatório, que avalia 163 países no total. O país está atrás de outros que viveram conflito no último ano, como Azerbaijão, ou que passam por impasses políticos graves, como Belarus.

Esse ranking é feito a partir de uma pontuação avaliada com base em indicadores que vão da criminalidade urbana ao grau de estabilidade política. Os pesquisadores também levam em conta a situação econômica de cada país e os mecanismos de combate à corrupção, entre outros fatores. Quanto menor o mundo, maior o grau de paz naquele país.

Veja nos gráficos abaixo os países com as melhores e piores pontuações no estudo:

Ranking da paz: os 5 países mais bem posicionados
Relatório Global Peace Index avalia o 'estado da paz' em 163 países. Quanto menor a pontuação, maior a paz.
Pontuação1,11,11,2531,2531,2561,2561,2671,2671,3151,315IslândiaNova ZelândiaDinamarcaPortugalEslovênia00,20,40,60,811,21,4
Fonte: Instituto de Economia e Política (IEP); Global Peace Index 2021
Ranking da paz: os 5 países em pior situação
Relatório Global Peace Index avalia o 'estado da paz' em 163 países. Quanto menor a pontuação, maior a paz.
Pontuação3,2573,2573,3633,3633,3713,3713,4073,4073,6313,631IraqueSudão do SulSíriaIêmenAfeganistão00,511,522,533,54
Fonte: Instituto de Economia e Política (IEP); Global Peace Index 2021

O brasileiro Paulo Pinto, pesquisador sênior do Instituto de Economia e Paz (IEP) — órgão responsável pelo estudo —, avalia que os fatores que deterioram a paz no Brasil são outros em relação aos pontos de preocupação no resto do mundo.

"Quando você fala em conflitos em andamento no mundo, você fala de guerras ou revoluções. Mas, no Brasil, esse indicador tem outra conotação, que são os conflitos com armas de alta potência entre traficantes e organizações criminosas", aponta.

Isso explica em parte por que os brasileiros são os que mais têm medo da violência em todo o mundo, conforme outro ranking divulgado no ano passado pelo IEP e a organização Lloyd's Register com base em números de 2019. Mais de 82,7% disseram na ocasião estar "muito preocupados" com a violência, o maior percentual em todo o planeta.

Segundo o Monitor da Violência, levantamento feito pelo G1 em todos os estados e o DF com dados de homicídios, o Brasil registrou um aumento de 5% nos assassinatos em 2020 na comparação com o ano anterior. É a primeira alta após dois anos de queda nesse número.

Instabilidade política no mundo preocupa

Policiais bloqueiam e detêm manifestantes da oposição em Minsk, Belarus, em setembro de 2020 — Foto: Misha Friedman/AP

Globalmente, a situação da paz no mundo se manteve estável, com uma pequena redução de 0,07% na comparação com os números divulgados em 2020. Os autores alertam que este é o nono levantamento, em uma série de 13 anos, em que o índice global de paz não aumenta.

O dado positivo é que a violência causada por terrorismo vem diminuindo nos últimos anos. No entanto, o aumento das tensões políticas, internas e externas, contribuem para aumentar a sensação de violência: seja por crises nas democracias, seja por protestos que terminam em violência.

Por exemplo, os Estados Unidos registraram uma piora no ranking de 163 países e aparecem na 122ª colocação.

Manifestantes pró-Trump adentram o Capitólio em protesto em 6 de janeiro — Foto: Saul Loeb/AFP

Os autores do levantamento atribuem isso, em parte, a crises recentes ocorridas no país como a violência nas manifestações e a instabilidade política causada pela recusa do então presidente Donald Trump em reconhecer a derrota eleitoral — o que levou à violenta invasão ao Capitólio em janeiro.

Paulo Pinto, pesquisador do IEP, diz que situações como a ocorrida nos EUA no início deste ano apresentam um risco à paz em todo o mundo. "É uma tendência mundial", alerta o especialista, que cita outros pontos de preocupação:

Qual o impacto da Covid-19?

Policiais detêm participante de protesto contra a reforma que permitirá ao presidente Vladimir Putin concorrer a mais dois mandatos, em Moscou, em julho de 2020 — Foto: Dimitar Dilkoff/AFP

Os autores do levantamento avaliam que ainda é cedo para detalhar os efeitos da pandemia do coronavírus para a deterioração da paz no mundo. Porém, o estudo aponta que houve, sim, aumento da violência no período.

Novamente, um dos maiores pontos de preocupação do IEP é com a estabilidade política e com as revoltas civis dentro dos países. Veja alguns pontos levantados:

  • Protestos contra as medidas de isolamento, que mostraram fragilidade na confiança das autoridades de saúde
  • Uso de leis da pandemia como pretexto para prender dissidentes, como visto na Rússia (com a prisão de manifestantes contra Vladimir Putin) e no Egito (onde médicos que protestaram contra falta de equipamentos de proteção foram detidos acusados de espalhar fake news)
  • Aumento da violência contra pessoas de origem asiática em países ocidentais, sobretudo no início da pandemia
  • Preocupação com casos de violência doméstica, potencializada pelo período em que as pessoas tiveram de permanecer em casa

O pesquisador Paulo Pinto, do IEP, avalia o uso abusivo das medidas de restrição contra a pandemia como a consequência mais preocupante. "Pode abrir precedente. Se há uma crise internacional, a autoridade vê carta branca para usar a força contra a população", diz ele.



nanomag

Radialista Publicitario e Líder dos movimentos sociais.


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