A apuração dos votos da eleição presidencial nos EUA entra hoje pelo terceiro dia, com o republicano Joe Biden despontando como o favorito para vencer a disputa com o presidente Donald Trump.
Até o início da madrugada desta quinta-feira (5), Biden esperava o fim da contagem de votos em cinco estados (Nevada, Pensilvânia, Carolina do Norte, Geórgia e Arizona). Ele acumulava 264 votos do colégio eleitoral, faltando apenas seis para se consagrar campeão. Já Trump tinha 214 votos.
A Pensilvânia se mostrou o Estado que deve levar mais tempo para declarar um vencedor - e que poderia decidir o resultado com 20 votos eleitorais em jogo. Com 88% dos votos apurados no Estado industrial, Trump estava à frente na noite de ontem, com 50,9%, contra 47,8% para Biden.
As cédulas restantes, no entanto, devem favorecer Biden, que nasceu no Estado. No Arizona, com 86% dos votos contados, Biden tinha 50,7%, ante 47,9% de Trump.
Na Carolina do Norte, Trump parecia o favorito para ganhar os 15 votos eleitorais do Estado, apesar de uma forte atuação de Biden, mas permanece sem folga. Com 95% apurados no Estado do sudeste, Trump tem 50,1% e Biden, 48,7%. As cédulas pelo correio enviadas antes ou no dia das eleições podem ser contadas até 12 de novembro.
Em Nevada, há seis votos do colégio eleitoral em jogo. Com 86% dos votos apurados, Biden lidera, com 49,3%, contra 48,7% para Trump. Na Geórgia, Biden teve um desempenho inesperadamente bom no Estado do sudeste, tradicionalmente um reduto republicano, mas Trump ainda estava um pouco à frente. O Estado tem 16 delegados eleitorais em jogo. Com 95% apurados, Trump conta com 49%, contra 49,8% para Biden.
Protestos
Enquanto a apuração dos votos não era concluída, milhares de eleitores de Biden marcharam pacificamente pela Quinta Avenida de Nova York, ontem, para exigir a contagem de todos os votos. Já em Detroit, os eleitores de Donald Trump pediram a interrupção da contagem no decisivo Estado de Michigan.
Pessoas de todas as idades exibindo cartazes que diziam “Cada voto conta” ou “Impeça Trump de roubar a eleição” bloquearam a Quinta Avenida e caminharam em direção ao sul, até a Washington Square, ao som de tambores e palavras de ordem.
“Trump reivindicou a vitória antes da contabilização de todos os votos, e queremos passar a mensagem de que isso não é aceitável. Mas não tenho medo, vamos impedir isso”, afirmou Sarah Boyagian, 29, integrante da “Coalizão para proteger o resultado”, que organizou a manifestação.
“Temo que a democracia esteja por um fio. Não sei se Biden ganhou a eleição, é preciso contar todos os votos”, disse John Fraser, um programador de 47 anos.
Pró-Trump
O protesto em Detroit, em frente a um centro onde os votos estavam sendo contados, foi muito menor, mas tenso. Gritando “Parem de contar!”, alguns manifestantes pró-Trump pediram a paralisação da contagem e a verificação do processo, depois que Trump anunciou uma ação legal para interromper a apuração dos votos no Michigan.
A imprensa americana anunciou, ontem, que Biden venceu no Estado, o que coloca o democrata às portas da Casa Branca. Vídeos do protesto mostraram manifestantes com punhos erguidos enquanto a Polícia os impedia de entrar no centro de contagem de votos. Segundo o jornal “Detroit Free Press”, apoiadores de Biden mais tarde se juntaram à manifestação, o que aumentou a tensão.
Clima
Demonstrando otimismo com o resultado das urnas, Biden prometeu, ontem, que, se vencer as eleições, os EUA serão reincorporados ao Acordo de Paris sobre o clima no primeiro dia do seu Governo, depois que teve efeito, ontem, a saída oficial do país desse pacto.
“Hoje, o governo abandonou oficialmente o Acordo de Paris. Em exatamente 77 dias, um Governo Biden voltará a incorporá-lo”, tuitou ele, referindo-se a 20 de janeiro de 2021, data do início do mandato do futuro presidente.
Ontem, um dia após as eleições, os EUA também registraram em 24 horas um recorde de novos casos de Covid-19, com 100 mil infecções, segundo um balanço da Universidade Johns Hopkins. O país é o mais afetado pela pandemia, e a doença foi um dos temas que marcaram a disputa pela Presidência. Caso confirmado, o fracasso da reeleição de Trump foi atribuído principalmente à sua controversa gestão da crise sanitária desencadeada pela pandemia.
Barreiras rompidas por candidatas
Além da disputa pela Casa Branca, as eleições legislativas nos estados também trouxeram surpresas. Várias candidatas derrubaram barreiras durante as eleições nos EUA, como aconteceu no Novo México, que se tornou o 1º Estado a eleger apenas mulheres não brancas à Câmara dos Representantes. O grupo de legisladoras é formado pela deputada Deb Haaland, uma democrata que em 2018 se tornou uma das primeiras mulheres indígenas dos EUA a ser eleita para o Congresso; sua companheira de partido Teresa Leger Fernandez, que é latina, e a republicana Yvette Herrell, também de origem indígena.
Em Wyoming, a republicana Cynthia Lummis ganhou a 1º cadeira no Senado para uma mulher de um Estado do oeste. A disputa em Wyoming já era histórica, pois todas as candidatas de ambos os partidos às câmaras de Washington eram mulheres. No Missouri, Cori Bush se tornou a 1ª mulher negra eleita para representar o Estado no Congresso.
Também desbravaram novos caminhos as candidatas de Delaware e Vermont que se tornaram as primeiras legisladoras abertamente trans em seus estados. Sarah McBride, de 30 anos, se tornou a 1ª senadora transgênero de Delaware, eleita com 86% dos votos no 1º distrito para o Senado estadual. A nova parlamentar também será a primeira senadora estadual abertamente trans no âmbito nacional, e a autoridade transgênero mais alta dos EUA.
Em Vermont, Taylor Small, 26, foi eleita a 1ª representante transgênera do Estado, ao obter 43% e 41% dos votos em seus dois distritos. As vitórias das duas chegam poucos anos depois de a democrata Danica Roem se tornar a 1ª parlamentar abertamente trans do país. Roem foi eleita para a Câmara dos Delegados da Virgínia em 2017.
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