O presidente Jair Bolsonaro, candidato à reeleição pelo PL, voltou a criticar neste sábado (3) a operação, autorizada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, contra empresários bolsonaristas que discutiam, em mensagens, um eventual golpe de Estado caso o ex-presidente Lula vença as eleições.
Sem citar nomes, Bolsonaro usou termos como "um vagabundo atrás da árvore ouvindo a nossa conversa" e "mais vagabundo é quem dá canetada". O presidente também fez referência, na mesma declaração, a "empresários tendo sua vida devassada".
"Nós vimos, há pouco, empresários tendo sua vida devassada, tendo a visita da Polícia Federal. Estavam privadamente discutindo assunto, não interessa qual seja o assunto, eu posso bater um papo num canto qualquer. Não é porque tem um vagabundo atrás da árvore ouvindo a nossa conversa, que vai querer roubar a nossa conversa", disse Bolsonaro.
"Agora, mais vagabundo que esse ouvindo a conversa é quem dá canetada após ouvir o que ouviu esse vagabundo", prosseguiu.
As declarações foram dadas em um evento de campanha com mulheres em Novo Hamburgo (RS). No mesmo ato, Bolsonaro perguntou se as mulheres prefeririam, em uma situação de perigo, "sacar da bolsa a Lei Maria da Penha ou uma pistola".
Nos últimos meses, Bolsonaro e a primeira-dama Michelle Bolsonaro têm realizado eventos de campanha com mulheres na tentativa de reverter a rejeição da campanha no eleitorado feminino.
O blog da Andréia Sadi mostrou nesta sexta (2) que a campanha de Lula deve intensificar a ofensiva junto a mulheres evangélicas para tentar uma vitória em primeiro turno. A estratégia inclui críticas à política armamentista de Bolsonaro – que, segundo a análise do PT, afasta o eleitorado feminino.
Operação em agosto
Em agosto, a Polícia Federal cumpriu mandados de busca e apreensão em endereços de oito empresários que compartilharam mensagens golpistas em um grupo de mensagens virtuais. A operação foi deflagrada em São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Ceará.
Na semana seguinte, Moraes derrubou o sigilo da decisão. No despacho, o ministro escreveu que não há dúvidas da possibilidade de "atentados contra a democracia e o Estado de Direito" na conduta dos empresários.
"Não há dúvidas de que as condutas dos investigados indicam possibilidade de atentados contra a Democracia e o Estado de Direito, utilizando-se do modus operandi de esquemas de divulgação em massa nas redes sociais, com o intuito de lesar ou expor a perigo de lesão a independência do Poder Judiciário, o Estado de Direito e a Democracia", escreveu Moraes.
O ministro afirmou ainda que fatos apurados em dois inquéritos, dos quais ele também é relator, tornam imprescindíveis investigações sobre os empresários.
Os inquéritos são o das fake news, que apuram disseminação de informações falsas; e o das milícias digitais, que investiga grupos organizados que atuam na internet contra as instituições democráticas.
"Revelando-se imprescindível a adoção de medidas que elucidem os fatos investigados, especialmente diante da existência de uma organização criminosa identificada no Inq. 4.874/DF e também no Inq. 4.781/DF, ambos de minha relatoria", continuou Moraes.
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