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Mais de 90% das amostras de coronavírus no Ceará são da variante de Manaus, estima Fiocruz

 


Mais de 90% das amostras que estão sendo analisadas pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) no Ceará são da variante P.1, identificada inicialmente no estado do Amazonas, a qual se alastrou por todo o Brasil e já foi identificada em outros 49 países. A estimativa é do coordenador geral da Rede Fiocruz de Vigilância Genômica no estado, Fábio Miyajima. A equipe analisa, mensalmente, cerca de 3 mil genomas a fim de sequenciá-los e descobrir possíveis novas variações do coronavírus.

A variante de Manaus (P.1) é considerada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como uma variante de preocupação (VOC). Estudos apontam que ela foi um dos principais fatores para a segunda onda de Covid-19 no País. 

De acordo com Fábio Miyajima, em dezembro, havia 0% de detecção da P.1 no Ceará. Em fevereiro, a variante já representava 71% das amostras analisadas no estado e, agora, é de cerca de 90%, mas pode ser superior e tende a crescer, uma vez que ela é mais “competente” do que as demais.

“A P.1 sofreu um processo de evolução aqui, de transmissão e expansão tal qual a gente percebeu em diversos outros estados do Brasil. Ela é mais competente, é mais transmissível e produz uma carga viral mais elevada. Por isso que pessoas que não ficavam doentes, agora ficam doentes”, explica o pesquisador.

Segundo Miyajima, há evidências de reinfecção no Ceará proporcionados pela variante de Manaus, uma vez que a imunidade produzida pela Covid não é duradoura. “Tem vários indícios demonstrando que é imunidade temporária e muitas pessoas podem, sim, se reinfectar. O Ceará foi um dos primeiros a noticiar casos de reinfecção em 2020”, contextualiza.

Outras variantes

Ambulância chega ao Hospital Leonardo Da Vinci, unidade de referência só para doentes com coronavírus, no bairro Aldeota. — Foto: João Dijorge/PhotoPress/Estadão Conteúdo

Ambulância chega ao Hospital Leonardo Da Vinci, unidade de referência só para doentes com coronavírus, no bairro Aldeota. — Foto: João Dijorge/PhotoPress/Estadão Conteúdo 

De acordo com Miyajima, ainda não foram documentadas no Ceará as variantes britânica (B.1.1.7) e sul-africana (B.1.351) nas amostras analisadas pela Fiocruz, contudo isso não significa que elas não circulam pelo estado. Ambas também são consideradas como VOCs e produzem maior grau de transmissão, maior capacidade de fuga do sistema imune e aumentam a probabilidade de óbito. 

O pesquisador explica que há uma demanda reprimida de sequenciamentos genômicos realizados no Brasil. Segundo ele, o País atingiu agora a marca de 10 mil, enquanto o Reino Unido já depositou mais de 500 mil sequenciamentos. “Se a gente for procurar, a gente pode ou não achar essas variantes britânica e sul-africana ou mesmo futuramente a indiana”, diz. 

A indiana, inclusive, é uma das maiores preocupações mundiais atualmente. Também classificada como VOC, a B.1.617 colapsou totalmente o sistema de saúde do país asiático e provocou uma série de recordes de casos e mortes diárias. Até o momento, conforme Miyajima, não há indícios de que ela circula no Ceará.

“Há uma preocupação crescente agora com a variante proveniente da Índia. Já foi noticiado, por exemplo, agora na Argentina. As autoridades da fronteira já estão em alerta, estão monitorando isso de uma forma intensa para que não adentre no Brasil”, conta.

Na última sexta-feira (14), a Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa-CE) emitiu uma lista com orientações a viajantes de locais com circulação da variante indiana. Segundo a Pasta, pessoas que venham de, pelo menos 51 países, como Reino Unido e Estados Unidos, devem fazer quarentena. A meta da Pasta é adiar a entrada da variante no estado.

Fonte: G1.globo



nanomag

Radialista Publicitario e Líder dos movimentos sociais.


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