O jornal Folha de São Paulo publicou neste sábado (11) seu editorial tratando do que denominou de “Selvageria no Ceará”, se referindo às continuadas mortes violentas de garotas neste estado, com idades entre 10 e 19 anos, as “novinhas” como são chamadas na linguagem das organizações criminosas. O jornal paulista repudia a matança e, ao mesmo tempo, critica a postura do governo do Ceará, que, segundo o periódico, “se contenta apenas com a queda nos índices gerais dos homicídios”.
O editorial da Folha encerrou uma sequência de reportagens publicadas ao longo desta semana em que revelou a face mais cruel da criminalidade no Ceará, com dezenas de garotas mortas por ordem dos chefes das facções criminosas.
“As jovens de bairros pobres do Ceará, têm sido vítimas, nos últimos anos, de assassinatos cruéis – por vezes precedidos de tortura – nas mãos de membros de facções que atuam no estado, como mostrou reportagem da Folha”, assinala.
O editorial cita as principais causas desta matança generalizada no Ceará, apontando que, “a violência no estado é explicada por fatores como o crescimento e a disputa entre facções – que geraram uma crise na Segurança no início do ano passado, com ataques a equipamentos públicos que necessitaram a intervenção da Força Nacional – e o fato de o Ceará ser ponto de passagem de drogas distribuídas nas regiões Norte e Nordeste, por ter boa rede de estradas”. Revela, ainda, que “o estado também fica abaixo da média na eficiência de gastos com Segurança”.
De acordo com o levantamento feito pelo jornal, a morte de “novinhas” no Ceará tomou proporções que influenciam diretamente nas estatísticas do crime no estado. “Em Fortaleza, as mortes de meninas de 10 a 19 anos subiram 90 por cento entre 2017 e 2018, enquanto entre os garotos da mesa idade, o total de óbitos caiu 35 por cento”.
A situação grave é revelada em seus detalhes pela Folha, quando afirma que: “as mortes de adolescentes cearenses são frequentemente decretadas por redes sociais, em grupos em que suas fotos são divulgadas com instruções codificadas para que sejam capturas e mortas. Por vezes, são expostas também fotos de seus corpos após os assassinatos, em uma clara mensagem de facções de que o terror por elas impunemente imposto à população não conhece limites”.
Faça um comentário.