Tradição cultural do Estado, a primeira fase do Circuito da Associação Cearense de Vaquejada (Acevaq) tem início nesta sexta-feira (26), às 8 horas, no Complexo Franskim Pedro de Vaquejadas, na cidade de Maranguape. O evento segue até o próximo domingo (28) e marca o início da etapa 2018 e encerramento do circuito de 2017.
A expectativa é que 400 duplas de vaqueiros do Ceará e estados próximos, como Rio Grande do Norte e Paraíba, se apresentem na competição, de acordo com o presidente da Acevaq, Alisson Câmara. A vaquejada conta com as categorias profissional, aspirante e amador, e a premiação da primeira etapa é de R$ 50 mil. A entrada é gratuita e, além das competições, o evento contará com atrações musicais todos os dias. Um público de cinco mil pessoas é esperado pela organização do evento.
Economia
A cadeia produtiva da vaquejada, que emprega pelo menos 200 pessoas nos eventos, não se concentra apenas durante as competições. Segundo o presidente da Acevaq, a vaquejada gera aproximadamente 80 mil empregos diretos durante o ano devido às ocupações nos haras, nas fábricas de ração, lojas e laboratórios. "O Produto Interno Bruto (PIB) da vaquejada consegue impulsionar muitas cidades, como Itapebussu. Lá, o evento estimula o turismo interno e é vetor de desenvolvimento econômico", destaca Alisson, revelando, ainda, que o esporte movimenta milhões anualmente no Ceará. "É o maior esporte equestre do Nordeste", salienta.
Para trabalhar nas competições regulamentadas pela Associação Brasileira de Vaquejada (Abvaq), os interessados devem fazer, obrigatoriamente, um curso de capacitação oferecido pelo próprio órgão, anualmente. O edital é disponibilizado no site e varia de acordo com a função escolhida. Em geral, as aulas ensinam sobre os cuidados e formas de manejo dos animais. "Isso é interessante porque a vaquejada consegue absorver um público de baixa escolaridade para o mercado de trabalho", comenta Alisson Câmara.
Em setembro de 2017, foi sancionada pelo governador Camilo Santana a Lei que regulamenta a prática dessa manifestação cultural no Ceará. Para o médico veterinário do Circuito de Vaquejadas e vice-presidente da Acevaq, Aberlado Ribeiro, a regularização foi um instrumento de evolução do esporte. "Todos os animais após a corrida são fiscalizados pela equipe de bem-estar animal, caso tenham algum tipo de lesão, aquela dupla é desclassificada". Atualmente, para participar da corrida, todos os cavalos devem estar munidos de exames de anemia infecciosa equina e mormo - doenças infecto contagiosas - e vacinados. Além disso, também é solicitado o Guia de Trânsito Animal (GTA), legislação estadual exigida para transportar os animais equinos.
Os competidores também são vistoriados, e não podem usar chicote. Além disso, devem estar de capacete, calça jeans e botas, e o freio do animal (cortadeira) deve ser forrado com borracha ou esparadrapo.
Chamados pelos vaqueiros de 'atletas', os cavalos da raça quarto de milha são os preferidos para o esporte. Raul Tavares, chefe de equipe do Haras Tavares, é dono de um dos cavalos mais reconhecidos nacionalmente, o Calendário Shady, que irá competir no Circuito.
Segundo Raul, a preparação desses animais começa desde o pasto. "É preciso uma nutrição muito balanceada, trabalho de condicionamento físico, e treinamento intenso três dias antes da competição", explica Raul.
Cuidados
Além dos cuidados com os animais equinos, os bovinos também recebem atenção diferenciada.
- Antes de entrarem no parque, os animais bovinos devem ter realizado os exames de aftosa e brucelose, doenças infecto contagiosas, para evitar a transmissão de enfermidades;
- O uso do protetor de cauda é obrigatório, e logo após a corrida, deve ser retirado;
- Cada bovino corre, no máximo, duas vezes ao dia;
- Os animais são mantidos em local com sombra, alimentados da forma correta e com água à vontade.