Tropas do Brasil foram alvos de criminosos por três noites seguidas na
semana passada no interior do Haiti. O ataque ocorre às vésperas de os
militares brasileiros deixarem a missão criada em 2004 para estabilizar a
segurança do país caribenho (Minustah), após decisão das Nações Unidas
de encerrar a operação internacional em 15 de outubro.
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O confronto ocorreu durante a noite quando um grupo tentou invadir a
sede das tropas internacionais que tinha sido desativada em
Port-de-Paix, cidade de 462 mil habitantes no noroeste do país, segundo o
general Ajax Porto Pinheiro, comandante militar da missão de paz da ONU
no Haiti.
"Uma tropa do Paquistão que atuava para a ONU foi embora recentemente
do país e nossas tropas brasileiras de engenharia foram lá fazer o
desmonte das estruturas das Nações Unidas e entregar o terreno aos
proprietários. Mandei as tropas de infantaria para proteger a base. Por
três noites seguidas um grupo tentou invadir o campo de forma agressiva.
Eram 15 homens que tentaram romper a cerca não só para arrombar, mas
numa forma agressiva contra a tropa", afirmou o oficial.
O pelotão do Esquadrão de Cavalaria brasileiro usou bombas de gás,
spray de pimenta e munições de bala de borracha para tentar conter os
criminosos, ainda de acordo com o oficial. Os supostos invasores
revidaram e os militares brasileiros, que estavam isolados, responderam,
mas não fizeram disparos de arma de fogo. Houve feridos entre os
supostos invasores, mas o número não foi divulgado. Também não há
informações sobre o estado de saúde deles.
Em um outro momento, um novo grupo chegou a fazer um círculo com fogo
em folhas de bananeira ao redor da base que estava ocupada pelos
brasileiros, "tentando colocar fogo na grama circulando a base. Eles
deram pedradas no sentinela e nos militares", disse o general.
"A tropa do Brasil reagiu, usando sempre munição não letal. Acertamos
algumas, e era para acertar mesmo. Usando as regras de engajamento
(normas da ONU para resposta a ameaças) sempre atirando nas pernas,
usando spray de pimenta e muita bala de borracha", salientou.
"Para nós foi uma surpresa porque em várias outras bases do Chile,
Uruguai e Peru, em quatro bases no norte do país, fizemos este mesmo
trabalho e não teve problemas", disse.
Para o general, o ataque pode ter sido motivado por uma gangue
localizada "muito mais violenta do que imaginávamos. Chegamos perto de
usarmos munição real, mas não foi necessário".
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