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Com a 'Operação Marco Zero', chefes de facções criminosas 'desaparecem' dos redutos do tráfico na Barra do Ceará

Matéria exclusiva revela como bandidos agiam na área e ali mandavam matar e decapitar membros das quadrilhas rivais

Com a 'Operação Marco Zero', chefes de facções criminosas 'desaparecem' dos redutos do tráfico na Barra do Ceará O hasteamento da bandeira do Gate no alto do Morro de São Tiago simboliza a reação do estado ao domínio das facções criminosas na área da Grande Barra do Ceará 
Três dias após a deflagração da “Operação Marco Zero”, na área da Grande Barra do Ceará, na zona Oeste de Fortaleza, a Polícia Militar persiste nas buscas para localizar os criminosos que dominavam a área, traficantes de drogas e assassinos que se intitulam pertencentes às facções criminosas Comando Vermelho (CV), PCC e Família do Norte (FDN).
Com a chegada das tropas especiais da PM no Morro de São Tiago e no Gueto, os dois redutos onde as duas facções eram baseadas, os bandidos desapareceram misteriosamente com suas armas de grosso calibre, entre elas, fuzis e granadas.  Contudo, as autoridades não descartam a hipótese de que eles ainda estejam na área, mas escondidos sob a proteção – voluntária ou forçada – de moradores.
“Estamos na continuidade das diligências para localizá-los”, disse o coronel Aginaldo Oliveira, chefe do Comando de Policiamento Especializado (CPE) e responsável pela operação.  Segundo o oficial, as buscas são contínuas e diuturnas.  Ainda na noite de segunda-feira (6), barreiras foram montadas nas principais avenidas que dão acesso à Barra do Ceará e vários veículos de passeio e coletivos, além de motocicletas, foram parados e seus ocupantes revistados.
Terra, céu e mar
No Morro de São Tiago, a bandeira do Grupo de Ações Táticas Especiais (Gate) continua hasteada como símbolo da ocupação policial naquela área antes dominada pelos traficantes e onde, conforme investigações da Polícia, podem estar enterrados vários corpos de bandidos rivais seqüestrados, torturados e assassinados pelos criminosos. A Polícia chegou a cogitar, no início da operação, utilizar um trator para revolver a terra em cima do morro e localizar os cadáveres. Contudo, isto não foi feito ainda.
Em cima do morro existe um sobrado que seria a residência de uma traficante de drogas. Nos muros da casa de dois pavimentos, com visão privilegiada para a foz do Rio Ceará e a ponte que liga a Barra do Ceará, em Fortaleza, ao Parque Leblon, em Caucaia, há pichações com nomes e desenhos que remetem às facções criminosas.
A operação prossegue por terra, céu e mar.  Por terra, estão sendo mobilizados contingentes dos batalhões de Choque (BPChoque), Raio (BPRaio), de Eventos (BPE), de Turismo (BPTUR), de Polícia do Meio Ambiente (BPMA), de Policiamento Rodoviário Estadual (BPRE) e o Regimento de Polícia Montada (Cavalaria), com o apoio da Guarda Municipal de Fortaleza (GMF).
No ar, são utilizados drones e helicópteros da Coordenadoria Integrada de Operações Aéreas (Ciopaer).  Já pelo mar, lanchas da Marinha e do Corpo de Bombeiros Militar (CBM) navegam na foz do Rio Ceará e nos mangues entre o bairro Vila Velha e a praia, próximo ao Parque Leblon.
Em quatro dias de operação na região, que compreende parte das Áreas Integradas de Segurança um e sete (AIS-1 e AIS-7), entre Fortaleza e Caucaia, apenas um caso de homicídio foi registrado. Aconteceu na noite de sábado, quando um homem foi morto, a tiros, dentro de casa, na Vila Velha.
Muitas mortes
Com o fim da trégua entre as facções criminosas em Fortaleza,  no ano passado – o chamado pacto pela paz ou pacificação das comunidades – as quadrilhas se reagruparam na zona Oeste de Fortaleza. O bando que seria ligado ao PCC e formado pelos traficantes do Gueto (ocupação de um terreno na Avenida Francisco Sá, esquina com Avenida Senador Robert Kennedy) se uniram a bandidos dos bairros Jardim Iracema e Álvaro Weyne. Já a quadrilha do Morro de São Tiago, que estaria sendo financiada pelo Comando Vermelho (CV) aliou-se aos traficantes da Colônia (Pirambu) e do Parque Leblon.
O resultado dessa “guerra” pelo controle da venda de drogas e armas na área resultou em uma sequência de assassinatos, sendo que em alguns deles os corpos foram deixados em via pública decapitados.  As cabeças das vítimas foram propositadamente deixadas em calçadas, lixões e até em avenidas como um recado para os rivais.
Os tiroteios se sucederam em várias ocasiões. Em um deles, no entorno da Areninha do Campo do Grêmio, a poucos metros da delegacia das Goiabeiras (o 33º DP), três pessoas foram mortas, entre elas, um jovem com Síndrome de Down, baleado na porta de casa, atingido por uma bala perdida no momento em que traficantes passaram em várias motos pelo local disparando tiros de pistolas e submetralhadoras, conhecidas ali como “macaquitas”.
Posteriormente, numa ação da Polícia Civil, um dos principais traficantes do Gueto acabou preso com comparsas. Trata-se de  Leandro Dutra da Cunha, o “Playboy” do Gueto, que foi cercado por agentes da Divisão de Combate ao Tráfico de Drogas (DCTD), da Delegacia de Repressão às Ações do Crime Organizado (Draco) e da Unidade Tática Operacional (UTO), da Divisão Antissequestro (DAS), no fim do ano passado.



nanomag

Radialista Publicitario e Líder dos movimentos sociais.


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